quarta-feira, 23 de julho de 2025

O Brazil e o Brasil

O Brasil sempre foi visto, por alguns, como um "quintal americano". E, sem dúvida, uma parte da nossa elite sonha em voltar para essa condição. Isso já mostra bem a falta de conhecimento e valorização que temos da nossa própria terra. 

É fácil perceber que muitos brasileiros, em geral, parecem não ter orgulho da nossa cultura, internalizando um ideal europeu ao se identificarem como "alemão" ou "italiano". Essa falta de conexão com as nossas raízes é bem clara, mesmo entre quem nasceu aqui – o que Nelson Rodrigues chamaria de "complexo de vira-latas". É irônico, mas o vira-lata caramelo, por outro lado, virou um símbolo bem autêntico do que é ser brasileiro, mostrando que até no jeito mais simples, tem coisa genuína da nossa identidade que a gente valoriza.

Para os Estados Unidos, qualquer país que não esteja totalmente alinhado com o que eles fazem é visto como uma ameaça à segurança deles. Foi assim com o Iraque, Guatemala, Panamá e até com o próprio Brasil. Para as elites americanas, somos um celeiro enorme para ser explorado por multinacionais a baixo custo. E a situação de hoje não é muito diferente do que acontecia há uns sessenta anos. A autonomia do BRICS e a ideia de criar uma moeda própria para o comércio, sem depender do dólar, deixam o governo americano bem preocupado. Até o Pix virou alvo dos Estados Unidos. 

É impressionante como a busca pela independência de um país pode trazer tantos desafios, especialmente quando há uma desconexão interna sobre o que o Brasil realmente é e seu potencial no mundo.

Em outro ponto, temos a direita brasileira. Não tem nada de errado com a direita em si. Mas, em outras épocas, esse lado político era formado por gente culta, que sabia debater e expor suas ideias sobre o mundo. Hoje, na era das redes sociais, o que parece importar é a imagem, o impacto na hora e a fala que "cala" o adversário. Isso só contribui para a superficialidade do debate e a falta de aprofundamento sobre os desafios e o que podemos ser como país.

Juntando um lado e outro, a gente percebe que o Brasil aparece como um grande país do futuro, mas o futuro nunca chega. O Brasil de verdade, com todos os seus problemas e falhas, e o Brasil que a gente imagina não se conversam. Ainda tem a falta de perspectiva, impulsionada pela ausência de lideranças políticas como tivemos antigamente, o que só piora a deficiência no conhecimento e na construção de uma identidade nacional que faça sentido.

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